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Novembro Negro - Projetos nas escolas estaduais destacam pertencimento étnico-racial
A culminância dos projetos pedagógicos do Novembro Negro, protagonizados pelos estudantes dos colégios estaduais de Salvador e do interior baiano, acontece nas unidades, até o dia 24/11. As ações, que vêm sendo realizadas ao longo do ano letivo, são baseadas na Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade de estudos sobre a história e a cultura da África no currículo escolar dos Ensinos Fundamental e Médio, propondo uma educação voltada para as relações étnicas e raciais. Questões como combate ao racismo, educação humanitária e igualitária, pertencimento étnico-racial, herança escravocrata, empoderamento negro e preconceito estão inseridas em atividades interdisciplinares, a exemplo de oficinas, seminários, exposição fotográfica, vídeos e apresentação de danças africanas.
Na Escola Estadual Lindembergue Cardoso, no bairro de Periperi, em Salvador, a tradicional gincana foi iniciada na quinta-feira (16) e se estende nesta sexta (17). Sob o tema “Os 129 Anos de Luta e Resistência”, a atividade escolar visa abordar a história dos escravizados e de seus descendentes após à abolição da escravatura até os dias atuais. As tarefas das equipes apresentam questões como história e luta contra o racismo dos blocos Afro; a Lavagem do Bonfim, a Revolta do Malês e a Festa de Iemanjá.
O estudante Ícaro Barbosa, 18, 3º ano, integrante da equipe Pérola Negra, fala sobre a importância de levar o tema da consciência negra para o ambiente escolar. “A gincana é uma forma lúdica de trazer para a escola o sentido real da palavra consciência, por meio de atividades práticas. O tema tem no dia 20 de novembro um marco, mas a resistência negra é uma luta cotidiana e é através dessa consciência que o negro e suas conquistas serão respeitados”. A vice-diretora Eliana Costa completa: “Esta reflexão sobre questões voltadas à consciência negra contribui para a elevação da autoestima dos estudantes”.
No Colégio Estadual Severino Vieira, no bairro de Nazaré, em Salvador, os estudantes irão revisitar as cores, formas e sabores da África no dia 24/11, quando acontece a culminância do trabalho que desenvolvem durante o ano letivo. “Neste mês, desenhamos na nossa escola os sons pelos tons dos pertencimentos. A pele que nos contorna reluz a nossa resistência e busca por uma educação humanitária, igualitária, através da qual dignificamos a nossa história”, destaca a professora de Arte, Conceição Lima. A estudante Kailane Batista, 14, 9º ano, conta que irá apresentar um texto de sua autoria. “Vou falar de preconceito, racismo, empoderamento do negro. Em trecho eu digo: ‘Eu sou negra, não mulata. Trabalhadora correndo atrás dos seus direitos, não sou escrava”.
Já para a comunidade escolar do Colégio Estadual Renan Baleeiro, em Águas Claras, na capital baiana, a celebração do Novembro Negro vai começar na segunda (20) e prossegue até o dia 24. Com o projeto “Somos África”, os estudantes irão apresentar o resultado de um trabalho realizado em bairros onde a expressiva maioria da população negra de Salvador vive concentrada. “Essas aglomerações têm histórias e, até hoje, pode-se notar muitos hábitos característicos de nossos antepassados africanos. São bairros com identidade negra e foram eles o alvo de nossas pesquisas, este ano, com o objetivo de dar um enfoque mais consistente da história dos afrodescendentes, discutindo temas voltados à sua realidade, já que eles pertencem à uma região quilombola, bem como à superação da desigualdade racial e ao resgate da autoestima, valorizando a etnia negra no ambiente escolar”, explica a vice-diretora Eliete Sousa.
No interior – No Colégio Estadual Camilo de Jesus Lima, em Vitória da Conquista, no Sudoeste baiano, os estudantes estão envolvidos com o projeto “Educação não tem cor”, iniciado no dia 6/11 e culminando na quarta-feira (22). A estudante Jeniffer Lira, 17, 3º ano, que participará da oficina “Chacina nas periferias”, fala sobre a importância das atividades do Novembro Negro. “Esta discussão no ambiente escolar contribui para despertar a nossa consciência sobre a urgência de respeitarmos as pessoas, independentemente de sua cor, sua crença”. Viviane Nascimento, 18, 3º ano, também comenta: “Para mim, que sou negra, considero muito necessário dialogarmos sobre a valorização da nossa cultura e o respeito racial”. A diretora Socorro Passos complementa: “A ideia é mostrar que cada povo possui a sua identidade própria, presente nas crenças, costumes, história e organização social, e que cada um tem a sua contribuição no desenvolvimento da humanidade”.
Já no Colégio Estadual Octacílio Manoel Gomes, em Ubaitaba, no Sul baiano (a 359 km de Salvador), os estudantes trazem para este Novembro Negro o tema “Marcas Negras: impressões e sentimentos”. As atividades começaram no dia 7 e a culminância acontece na terça-feira (21), com início às 16h30. Na programação, apresentação de danças, representação teatral de músicas, poema, jogral, coral, manequins vivos, desfile da beleza negra (caracterizando um país da África); desfile de penteado ou turbante.
Programação – Novembro Negro nas escolas
- Escola Estadual Lindembergue Cardoso - Periperi
Sexta (17) - Gincana: 129 Anos de Luta e Resistência. Inicio: 16/11 – Equipes: Orgulho Negro, Poder Negro, Preto no Branco, Perola Negra e Libertos pela Força.
Colégio Estadual Renan Baleeiro – Águas Claras
20/11 – Visita e intervenção da Rede Somus e oficinas
21 e 22/11 – Campeonato feminino e masculino de futebol – cada turma representará um país africano
23/11 – Apresentações de dança, explorando diversos ritmos africanos
24/11- Desfile para a escolha do casal “Beleza Negra 2017”.
- Colégio Estadual Severino Vieira - Nazaré
24/11- Culminância, com apresentações das produções dos estudantes.
- Colégio Estadual Camilo De Jesus Lima - Vitória da Conquista
17/11 – Roda de Samba
22/11 Culminância: Apresentações das turmas, por tema: “Mulher negra”, “O negro e a política”; “Resistência”; “Uma reflexão musical” e “Religiosidade”. Das 8h às 10h - minicursos, palestras, oficinas e rodas de conversa. Das 10h30 às 11h30 - apresentações culturais e socialização das produções.
- Colégio Estadual Octacílio Manoel Gomes – Ubaitaba
21/11 - apresentação de danças, representação teatral de músicas, poema, jogral, coral, manequins vivos, desfile da beleza negra; desfile de penteado ou turbante.
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