Estudantes homenageiam vítimas da ditadura

Uma apresentação cênica sobre o Golpe de 1964, com estudantes do Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella, despertou emoções e provocou comoções nesta quarta-feira (02/04), na abertura de atividades promovidas pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia, em parceria com a Secretaria de Cultura e a Fundação Pedro Calmon, alusivas ao projeto Ditadura Militar – Direito à Memória. Enquanto imagens reais sobre este período eram projetas em telão, os estudantes fizeram ecoar gritos pelo Complexo Cultural dos Barris ao representar momentos marcados por perseguição, tortura e morte.
 

Peça "Marighella - A vida em preto e branco" - Foto: Claudionor Junior

Intitulada “Marighella, a vida em preto em branco”, a peça foi encenada por 19 estudantes do ensino médio e do ensino fundamental II. O espetáculo foi coordenado pela coreógrafa Dina Tourinho, do corpo de baile do Teatro Castro Alves, com assistência do, também, coreógrafo Soter Xavier. O trabalho começou com um estudo nas salas de aula, com todos os estudantes participando de várias atividades pedagógicas, como pesquisas e aulas abertas envolvendo também as famílias, sobre o período da ditadura.

O secretário da Educação do Estado da Bahia, Osvaldo Barreto, falou sobre o protagonismo juvenil dos estudantes do Colégio Estadual Carlos Marighella. “É preciso destacar a mobilização destes estudantes e da comunidade escolar para a mudança do nome do Colégio. E mais do que isso, o aprofundamento do debate sobre a ditadura, este que foi um período tão triste da história do nosso país, que provocou e, ainda, provoca tantas dores e sofrimentos. Estamos vendo, mais uma vez, o protagonismo juvenil na escola pública estadual e uma juventude consciente sobre a importância da liberdade e da democracia”, afirmou.

A peça foi mais uma das atividades do projeto que culminou com a mudança do nome do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici para Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella. A concepção levou em consideração sugestões e orientações dos professores de humanas (história e sociologia) e de linguagens (língua portuguesas e artes), incluindo a exposição coordenada pela professora de sociologia Maria Carmem. Foram dois meses de reuniões, discussões e ensaios. “Tivemos ensaios até aos sábados. E tudo valeu à pena. Chorei vendo tudo acontecer. Fiquei muito orgulhosa, nem consegui dizer obrigada a todos eles e desabei. Foi muito emocionante para nós e para os pais que prestigiaram”, comentou Aldair Dantas, diretora da unidade escolar.

 

"Estamos vendo, mais uma vez, o protagonismo juvenil na escola pública estadual e uma juventude consciente sobre a importância da liberdade e da democracia" - Osvaldo Barreto - Secretário da Educação


A coreógrafa Dina Tourinho destacou o envolvimento dos estudantes que utilizaram figurinos cedidos pelo acervo do TCA. “A maioria tinha pouca experiência artística. Foi maravilhoso. O que mais nos encantou foi o envolvimento deles, que foi sendo construído. O resultado foi surpreendente, principalmente, pela entrega que eles fizeram. Independentemente do lado técnico, o mais importante foi eles estarem envolvidos naquelas intenções para que aquela história acontecesse. Eles foram responsáveis pelas lágrimas de muitos durante a apresentação por conta desse se jogar por inteiro. Foi um grande encontro para as nossas vidas”, ressaltou.

Jeferson dos Santos Salomão, representante do grêmio estudantil, falou da satisfação em encenar e da aprendizagem que essa mobilização proporcionou a ele e aos colegas. “Todo o processo democrático de mudança de nome da escola nos influenciou bastante. Assim pudemos conhecer melhor um período da nossa história e conhecer um personagem que lutou pela liberdade do nosso país. Além disso, a escola nos deu a oportunidade de participar da peça que teve adesão voluntária. Quem estava ali, realmente se identifica com a luta de Carlos Marighella”, completou.

Notícias Relacionadas