Estudantes da zona rural de Valença desenvolvem projeto que reafirma a identidade negra

O Colégio Estadual Onildo Raimundo de Cristo, localizado no distrito de Orobó, zona rural do município baiano de Valença, realiza um projeto pedagógico com os estudantes com o intuito de promover o fortalecimento da identidade negra e uma formação crítica voltada à valorização da cultura afro-brasileira. O projeto é inspirado na Lei nº 10.639/03, instituída para estimular as múltiplas e diferentes maneiras de saberes e de se produzir conhecimento, promovendo discussões e reflexões sobre a história e a cultura africanas e afro-brasileiras.

O diretor da unidade e idealizador da iniciativa, Lucas Café, conta que o projeto foi criado a partir das indagações e problemáticas trazidas pelos próprios alunos. “Quando perguntados sobre a possibilidade de realizar um trabalho diferente, que envolvesse principalmente as disciplinas da área de humanas e o uso de linguagens alternativas, eles mostraram interesse e apontaram temáticas que gostariam de discutir, que envolviam questões sociais atuais ligadas a questões históricas, que precisam ser discutidas de uma maneira mais profunda”, explicou.

Ações – As atividades do projeto foram divididas em três eixos, sendo que os dois primeiros foram pensados para serem desenvolvidos no Colégio Estadual Onildo Raimundo de Cristo, abarcando toda comunidade escolar da instituição. As atividades relacionadas ao último eixo estão voltadas para todas as escolas públicas da cidade Valença, utilizando como espaço o Centro de Cultura Olívia Barradas.

Na primeira ação, executada em maio, numa parceria com a Cooperativa de Crédito Rural Costa do Dendê (ASCOOB - Costa do Dendê), foi discutida a importância do associativismo e do cooperativismo para a construção de uma identidade social, econômica e política local. Na ocasião, membros da ASCOOB realizaram um curso de capacitação.

A segunda oficina, ocorrida em junho, abordou o tema teologia e festa, discutido pelo teólogo e sociólogo Cláudio Márcio Rebouças da Silva. “Com essa atividade, conseguimos concretizar dois objetivos centrais do projeto: demonstrar a possibilidade de um diálogo entre a teologia e as festas populares, ambas bastante presentes no cotidiano dos estudantes, e trabalhar a questão da intolerância religiosa e a discriminação às religiões de matrizes africanas”, relata o diretor Lucas Café, adiantando que a terceira atividade está prevista para o mês de agosto.

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