O perfil de liderança sempre fez parte da vida do estudante Bruno Santana Freitas, 17, morador do bairro de Paripe, em Salvador. A vontade de transformar a sua realidade levou o jovem a participar ativamente das ações do Colégio Estadual Almirante Barroso, atuando como líder de classe e membro do colegiado, além de participar de atividades culturais, como o teatro. Sua paixão pelos palcos o levaram a participar do projeto VIVER, que ensina arte educação para crianças da comunidade. Em 2019, o jovem foi certificado pelo programa Academy Bootcamp, do Latin American Leadership Academy (LALA), uma organização internacional, com sede em Medelin (Colômbia), que identifica, conecta e desenvolve jovens líderes promissores da América Latina.

 

Para ser selecionado, Bruno teve que redigir uma carta contando o trabalho desenvolvido na escola, como líder de classe e voluntário. “Desde os 12 anos, eu busquei ser atuante na escola para que pudesse ajudar de todas as formas. Me envolvi como líder de classe e membro do colegiado escolar, além das atividades culturais que também foram muito importantes, principalmente o teatro. Tudo isso me credenciou para integrar a LALA”, contou.

 

O curso foi realizado em São Paulo, durante sete dias, no início de 2019, com temas voltados a liderança e inovação social. O objetivo foi oferecer a jovens latino-americanos, entre 14 a 18 anos, habilidades, ferramentas e apoio para solucionar os problemas que desejem enfrentar. Por meio de outra seleção, retornou em novembro, agora como monitor de turma. “Tivemos palestras, workshops e oficinas com especialistas e líderes de diversas áreas do conhecimento. Uma experiência que me proporcionou um grande aprendizado, que incluiu conhecermos a comunidade de Jardim Ângela. Depois, em outro momento, participei como monitor de uma nova turma que participou do curso. O legal é que continuamos a manter contato próximo com a organização que interliga mais de 400 mil jovens”, disse.

 

O conhecimento abriu novas expectativas para Bruno, que decidiu trabalhar no fortalecimento da identidade e cidadania dos moradores do seu bairro e região. “As pessoas não sabem que Paripe foi local de uma das maiores plantações de cana-de-açúcar do Brasil, sendo um grande polo econômico, ou que o primeiro poço de petróleo do país foi no Lobato. Precisamos resgatar essas histórias que não são contadas”, disse.

 

Com o teatro, Bruno também contribui com a peça Heroínas Negras Brasileiras, de Naide Oliveira, relatando as mulheres que foram símbolo de resistência da população Negra. “Precisamos dar destaque a essas importantes mulheres da nossa história, como Zacimba Gaba, Maria Carolina de Jesus e Aqualtune. Fiz uma pesquisa abrangente para compor, com este conteúdo, parte da apresentação”, explicou.

 

Bruno ainda afirma que toda essa dedicação é apenas o começo. “Já tive a chance de integrar outros programas de jovens líderes. Uma na universidade da Carolina do Norte, nos EUA, e na Espanha. Infelizmente, não pude por não ter condições financeiras e devido ao trabalho. Mas, com certeza, vou continuar buscando novas oportunidades”, concluiu.